quarta-feira, 30 de junho de 2010

Linguagens Híbridas

Para a semióloga Lúcia Santaella, os primeiros princípios de linguagem são: sonoridade, visualidade e a discursividade verbal. Sonoridade é algo que vai se apagando, na passagem leva a desaparição. O que acontece no tempo, tem que ser levado com o próprio.
A visualidade está na forma, forma que está presente diante dos nossos olhos. A discursividade verbal está na inscrição, na intenção de imprimir um traço, que pode não passar de uma garatuja, capaz de nos transformar para outras fronteiras da realidade, do concomitante, do passado e do futuro, marca primordial da fala, o traço, o grama, a letra.
Segundo Santaella, um dos aspectos revolucionários está no aparecimento e no desenvolvimento de uma nova linguagem: a hipermídia. É uma linguagem que convergem o texto escrito (livros, jornais, revistas), o audiovisual (televisão, vídeo, cinema) e informática (computadores e programas informáticos).
Aliada às telecomunicações (telefones, satélites, cabo) das redes eletrônicas e a tecnologia das informações digital conduziu a disseminações da internet que resultou da associação de dois conceitos básicos, o de servidores de informações com o hipertexto.
Trata-se, de fato, de uma linguagem inaugural em um novo tipo de meio ou ambiente de informação no qual ler, perceber, escrever, pensar e sentir adquirem características inéditas.
A grande hibridização permitida pela digitalização e pela linguagem hipermediática por ela introduzida com seus processos de comunicação inteiramente novos, interativos e dialógicos. Do ponto de vista do suporte, “a hipermídia consiste de informação digital, isto é, dados eletromagnéticos transcodificados numericamente em um espaço a n dimensões. (…) Esse suporte físico, de caráter eletrônico, inaugura um espaço de representação ontologicamente infinito”, visto que, “sua existência só acontece em telas de luz e sons codificados, pressupondo o conceito de interação do autor com o meio e com o interlocutor”.
O primeiro grande poder definidor da hipermídia está na hibridização das matrizes de linguagem e pensamento, nos processos sígnicos, códigos e mídias que ela aciona e, conseqüentemente na mistura de sentidos receptores, na sensorialidade global, sinestesia reverberante que ela é capaz de produzir, na medida mesma em que o receptor ou leitor imerso interage com ela, cooperando na sua realização.

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